sábado, 21 de março de 2009

A DONZELA DESPEDAÇADA


 

O real é uma farsa!

O que sou eu? A milionésima parte de uma roda, que giraria sem mim, do mesmo modo, que giraria sem qualquer outra das suas milionésimas partes...

Giraria mesmo sem todas, mesmo sem rodas: um fantasma obstinado.

As coisas não estão claras na minha mente. Mas sei que tudo o que faço só vale a pena, pois não há nada mais para se fazer.

Tudo isso não passa de um grande passatempo. E essa é toda a sua realidade.

O mundo... a minha vida...

Nada é absolutamente real.

Nada absolutamente faz sentido. E parecer ser tão natural que não faça sentido quanto a tristeza por sabê-lo inexistente.

Era noite de núpcias. A donzela assassinou o seu esposo às quatro horas da manhã.

Todos percorriam ruas nevoentas atrás da felicidade. Eram tão negros esses todos.

Encontraram a donzela e seu vestido branco e vermelho, segurando a cabeça de um homem.

E seguiram em frente.

A felicidade deveria estar à frente.