quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

RENASCIMENTO E MORTE DO HERÓI

O cadáver do herói contempla a podridão do mundo...
A racionalidade pós-moderna provoca enjôo. Tudo derrete como cerejas vermelhas sob o sol.
A noite quando os vultos dos mitos ancestrais surgem nas ruas sombrias e sussuram alguma maldição o ser humano pós-moderno imagina ter visto um ladrão.
(Surge o herói, ainda cadáver, ainda morto, perfurando a realidade, ainda tímido, confuso...)
E se dissessem para o imbecil: " não, não é um ladrão, mas você acaba de ser amaldiçoado", daria de ombros e iria para casa assistir televisão, receando entrar no quarto e se deparar com a esposa nua. Teme não desejá-la mais uma vez.
Ó triste realidade, nem poetas, nem heróis, só uma marcha incessante de bestas de carga, carregando o seu fardo alegremente e alegremente carregariam a cruz para expiar os pecados pós-modernos.
O Cristo morto retornou para rezar uma missa no dia de finados. Abençoou a humanidade três vezes, depois disse para si mesmo "fazer o quê?".
O Herói, ganha contornos de herói, imponência de herói, cabelos e queixo de herói e respira triunfal sobre a realidade dilacerada por suas mãos heróicas!
Mas ele não sabe o que fazer, não precisavam de heróis. E ele se transforma em um alcóolatra.
Um viciado que tentar encontrar aventuras em suas viagens.
Aparvoado, ele berra e resmunga: "Ó mundo doente! Precisa de mim? Precisa?" E o tomam por louco e o deixam na casa dos pais com pensão vitalícia por ser louco...
O Herói é desnecessário em uma mundo onde a covardia é uma virtude.
E, por isso, nesse mundo o herói foi acovardado!
Um pequeno herói de merda, que só sabe resmungar que não precisam dele, e que bebe para se esquecer que não precisam dele, e que fica bêbado, não esquece, e continua gritando e resmungando "precisam de mim?".
Um Quixote que se acha ridículo por ser louco e que por isso não resolveu enfrentar o nigromante real só por que achava que era ridículo acreditar que ele existia.
E preferiu ele mesmo não existir.
E que nunca percebeu que todas as gerações precisaram de um herói!
E que foi ele, e todos iguais a ele, tímidos e amesquinhados iguais a ele, e não outros, que provocou a sua própria queda - pretexto para ser extúpido!
O cadáver do herói contempla estupefato a podridão do cadáver do herói....